Mais Do Que Simplesmente Viver

O bem-estar de mãos dadas com a Natureza.

Resumo

Qual o sentido da vida que não vai além da simples sobrevivência?

A condição humana exige de nós muito mais do que nos mantermos distantes da morte.

O que valoriza a vida de cada um varia em uma amplitude que pode ultrapassar os limites do senso comum.

Para muitos, a plenitude da vida pode estar restrita a valores materiais.

Alternativamente, há os que acreditam que não faz sentido viver sem a concepção da perspectiva de um plano imaterial acima da própria vida.



Viver Plenamente

Qualidade de vida é sensibilidade e sensatez, é prova de amor pela vida.

Talvez a maioria concorde com essa definição, mas os requisitos para que essa condição seja satisfeita podem variar de pessoa para pessoa.

É, pois, um valor que construímos, não apenas descobrimos e conquistamos. Depende, fundamentalmente, das nossas escolhas e atitudes.

Não acontece por milagre ou passe de mágica, é uma questão de renunciar ao que contribui para a fragilização do organismo e de adotar medidas e práticas que o fortalecem e que tornam a vida muito melhor de ser vivida.

Existe mesmo consenso no que se refere ao trinômio alimento, vigor e saúde no estabelecimento de uma interrelação essencial para o bem-estar físico, o lado puramente orgânico da vida?

Não podemos ignorar os que querem mais, principalmente poder aquisitivo capaz de atender às ambições exóticas e às necessidades nababescas de consumo.

Para esses, qualidade de vida significa ostentar uma polpuda conta bancária. ‘– Afinal, não é qualquer um que pode pagar diária de UTI’ – arvoram-se do direito de argumentar.

Para quem pensa assim, o importante não é gozar de boa saúde, mas dispor de recursos financeiros suficientes para fazer frente a qualquer doença.

Vidas Moldadas

A busca pelo bem-estar faz parte da vida moderna e agitada dos grandes centros urbanos.

Na vida simples do campo, em contato permanente com a Natureza, tem-se a impressão de que ninguém se preocupa.

É lógico que, como em qualquer outro lugar, as pessoas também desejem viver com saúde, bem-estar e felicidade.

Mas, na realidade, se não externam esse tipo de preocupação é porque a Natureza já provê os meios para que isso não represente um problema.

É uma segurança que resulta de atitudes e hábitos que conduzem espontaneamente a uma vida saudável e sem estresses.

Nas cidades, pelo contrário, a aglomeração e a agitação do ritmo de vida nas sociedades desenvolvidas produzem na população uma radical inversão de valores.

O pior é que a aceitação de novos estilos de vida se impõe como fator de sobrevivência nessas sociedades.

As pessoas são compelidas a um novo modelo de convivência social, regido por valores que cada vez mais as distanciam da Natureza e as aproximam das máquinas.

Novos comportamentos são impostos, novos padrões de convivência adotados.

É considerado atrasado ou ultrapassado quem não aceitar ou não for capaz de assimilar novas necessidades, mesmo as que modificam hábitos considerados sagrados e muitas vezes fazem surgir doenças.

Escravos da tecnologia


Felicidade Robótica

Para ser bem aceito em comunidade precisa estar em sintonia com ela, fazer seus os conceitos e valores coletivos, principalmente quando se trata de um ambiente seletivo.

Precisa estar alinhado com as regras de aferição da afinidade do indivíduo com o mais novo padrão de convivência social; é imperativo se encaixar perfeitamente nos padrões de consumo.

Alguns provêm de origem que não está em harmonia com o ambiente e não consegue disfarçar a estranheza de ter que se adaptar apenas para parecer igual.

Há também os que esquecem o próprio passado e nega suas origens para se revestirem de uma postura social sofisticada e se fazerem dignos da elite à qual sempre sonharam pertencer.

É a imagem típica dos novos ricos dos países subdesenvolvidos.

Talvez essas excentricidades expliquem por que tantas pessoas, que todos em torno imaginavam que viviam no paraíso, de repente transformem suas vidas num verdadeiro inferno.

Para alcançar a sensação de felicidade, não devemos ser tão exigentes, mas, com certeza, precisamos de mais do que ter um corpo são.

Solidão.

Sem O Próximo

Mesmo que você leve uma vida de eremita, longe do convívio social, valorize outras formas de vida – além da humana, naturalmente.

Para alguns, imaginar que só devemos nos preocupar com a vida humana pode ser o maior erro.

A natureza é bela e generosa quando bem tratada, porém assustadora e impiedosa quando agredida.

Se a pessoa tem a capacidade de sobreviver na natureza e está psicologicamente preparada para viver na solidão, dificilmente será acometida de muitos males decorrentes da vida em sociedade.

Veja o anacoreta, que se despe das vaidades e ambições terrenas para passar o resto da vida buscando conhecer Deus e se fazer conhecer por Ele.

Mais do que seu lar, a caverna ou cabana que habita passa a ser também uma espécie de santuário, de onde só sai para buscar o que precisa para sobreviver de forma completamente natural.

De resto, dedica todo o seu tempo a uma devoção silenciosa que tenta provar para o mundo que é possível estabelecer uma conexão com Deus sem a interveniência de sacerdote ou pastor.

Uma Questão De Escolha

Aos que se sentem obrigados a conviver em comunidade, paciência!

Por mais que forcem a barra para ter um pouco de paz, não têm como evitar viver entre outros, que ora lhe proporcionam alegria, ora só lhe trazem problemas e aborrecimentos.

Algumas vezes os problemas ultrapassam os limites da resistência à qual o corpo foi programado para suportar.

Daí aparece a doença que, quando vista em outras pessoas, imaginava-se invencionice ou exagero.

Para retomar a vida de antes do fundo do poço é preciso recorrer a um conhecimento que está além dos que o cercam.

As soluções exigem renúncia e aceitação, mas os resultados compensam.

A vida continua. Felizmente.

Contando com o improvável.

Apoio Do Além

Um recurso que quase sempre funciona é fugir das atribulações do dia a dia buscando a abstração que a fé proporciona.

Isso significa poder exercitar a devoção sem o nível de exigência e de renúncia de um anacoreta.

Portanto, se acreditar que a orientação de um guia espiritual ajuda, e que a adoração coletiva fortalece a fé, tudo bem, procure uma igreja.

Mas, sem fanatismo, por favor.

Além do próprio umbigo

De pouco adianta alcançar a paz interior se não formos capazes de coabitar com os variados personagens do mosaico de diversidades em que a humanidade foi transformada.

Não existe nada mais perturbador do equilíbrio de uma sociedade do que a discriminação, não importa de que forma se manifeste.

Com o respeito à diversidade todo mundo ganha, principalmente quem o pratica.

Demonstrar tolerância diante de preferências e adotar práticas e costumes diferentes dos seus não significa se obrigar a adotá-los, mas, simplesmente não interferir na maneira que outros preferem e com o que precisam. É assim que se vive em harmonia com os demais.

Isso é, inclusive, válido para os que acreditam que existe algo mais entre o Céu e a Terra. Ou além deles.